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quinta, 12 de dezembro de 2024
A Associação Brasileira de Franchising – ABF divulgou recentemente o “Relatório do Desempenho do Franchising em 2015”, documento oficial no qual consolida as informações econômicas e mercadológicas do franchising no Brasil. O número mais divulgado e comemorado, por motivos óbvios, foi a expansão de 8,3% no faturamento bruto do setor em 2015 a contrastar com a retração do Produto Interno Bruto – PIB de 3,8% no mesmo ano. Porém estes números tão otimistas contrastam com a realidade do varejo no Brasil, sendo comum encontrar unidades franqueadas fechando e empresas franqueadoras encerrando suas atividades. Importante, portanto, considerar uma avaliação mais aprofundada sobre os números e metodologias adotadas.
Com relação à expansão do faturamento bruto em 8,3% no ano de 2015, o relatório da ABF apresenta um comparativo de números de faturamento meramente nominais entre os anos de 2014 e 2015 sem, no entanto, contemplar a inflação do período para constatação do crescimento real do segmento na economia. Se descontada a inflação oficial do ano de 2015 da ordem de 10,67%, o faturamento bruto real do setor terá sofrido uma retração da ordem de 2,37%, acompanhando o movimento de queda do PIB, cujo cálculo contempla o cômputo da inflação e não apenas valores nominais.
PUBLICIDADEOutro número importante a ser avaliado é o do crescimento de unidades franqueadas. Segundo o relatório da ABF houve um aumento de 10,1% no número de unidades franqueadas, passando de 125.641 para 138.343, num crescimento nominal de 12.702 unidades.
Ocorre, porém, que a expansão do número de unidades conjugada com a retração do faturamento real do setor (cálculo considerando a inflação) gera um efeito negativo no faturamento médio das unidades, novamente a demonstrar retração. Enquanto a média de faturamento anual por unidade em 2014 era de R$ 1.025.747,96, no ano de 2015 passou a ser, nominalmente, de R$ 1.009.035,51, numa redução nominal de 1,7%. Computados os efeitos da inflação de 2015, a redução real do faturamento anual por unidade atinge a casa de 11,11%.
Portanto, numa avaliação mais criteriosa dos números do setor de franchising, verifica-se que a metodologia utilizada desconsidera os efeitos da inflação no mercado e, com isto, acaba alcançando números de expansão meramente nominais os quais, caso alterada a metodologia para inclusão dos efeitos da inflação do período, passarão a representar uma retração real do setor no ano de 2015 tanto em termos de faturamento global quanto em termos de faturamento anual médio por unidade franqueada.
*Por Gabriel Villareal